Arquivo de fevereiro, 2016

Forças Evolutivas

Publicado: 27 de fevereiro de 2016 em Sem categoria

Na postagem anterior falamos sobre a seleção natural e seus tipos e destacamos sua importância como uma força evolutiva. Entretanto, ela não é a única força evolutiva existente. Existem outros fatores capazes de afetar a variabilidade genética e, consequentemente, a capacidade de adaptação de uma dada espécie ao ambiente onde vive.  Considerando isso, há outras três forças evolutivas essenciais:

a) Deriva Gênica: geralmente ocorre com populações de pequeno tamanho. Em função do tamanho da população, a probabilidade de cruzamento entre indivíduos com grau próximo de parentesco (endocruzamento) se eleva. Considerando o grau de parentesco existente entre os indivíduos integrantes da população, pode-se inferir que eles possuam caracteres genéticos similares ou mesmo idênticos. Desse modo, cruzamentos entre eles provocariam uma redução da variabilidade genética da população, reduzindo sua capacidade de adaptar-se às mudanças no ambiente. As reduções drásticas das populações podem ocorrer em função de eventos, como, por exemplo, desastres ecológicos, incêndios florestais, inundações, etc. Analisemos a figura abaixo. Considere a existência de uma população inicial (com tamanho normal) e variabilidade genética (repare que há indivíduos vermelhos e amarelos). Então, consideremos a ocorrência de um desastre ambiental na área ocupada por essa população; o que ocorrerá com seu tamanho? Repare que a situação B da figura indica uma redução drástica no tamanho da população e uma prevalência maior de indivíduos vermelhos em detrimento dos indivíduos amarelos. O que ocorrerá com essa população após um tempo? Repare que a situação C mostra o que pode vir a ocorrer com a população; ela perderá sua variabilidade genética (repare que restam apenas indivíduos vermelhos). Vale ressaltar que o esquema é simplificado se comparado a uma situação real, haja vista que o desaparecimento de determinada característica pode levar muitos anos para ocorrer. No entanto, em situações de desastre tais eventos podem ocorrer mais rapidamente em função de ter sido provocada por uma alteração extrema no ambiente.

deriva gênica

b) Migração: é um movimento de entrada ou saída de indivíduos de uma determinada população. Estas ações de deslocamento entre populações elevam o fluxo gênico entre populações distintas de uma mesma espécie. Desse modo, a probabilidade de endocruzamento (cruzamento entre parentes) se reduz, favorecendo o aumento da variabilidade genética da população e sua capacidade de adaptação às mudanças no ambiente. Um exemplo clássico da importância do fluxo gênico são os CORREDORES ECOLÓGICOS, que permitem o trânsito de fauna entre populações distintas de uma mesma espécie. Analisemos a figura abaixo, para ilustrar esta questão. Repare que o esquema apresenta três populações distintas (A, B e C), que vivem em territórios distintos. A população A é formada predominantemente por indivíduos vermelhos e poucos amarelos com borda vermelha. A população B é formada predominantemente por indivíduos amarelos com borda vermelha e poucos indivíduos vermelhos. Por fim, a população C é formada somente por indivíduos amarelos. Considere que o cruzamento de indivíduos vermelhos e amarelos produz indivíduos amarelos com borda vermelha, ou seja, trata-se de um caso de codominância, onde o cruzamento entre dois indivíduos (neste, vermelhos e amarelos) produz um fenótipo intermediário (amarelo com bordas vermelhas). O que irá ocorrer se estes indivíduos puderem migrar entre essas populações? Observe no esquema que indivíduos vermelhos podem migrar das populações A e B para a população C, inserindo esta nova característica nesta população. Repare também que indivíduos amarelos (inexistentes na população A) poderão migrar para esta população, inserindo uma nova característica nela. Repare que mesmo a migração de indivíduos amarelos com bordas vermelhas para a população C, pode permitir o aparecimento da característica vermelho nesta população. Com isso, demonstramos que a migração permite o fluxo de genes, aumentando a variabilidade genética das populações.

Migração

c) Mutação: caracteriza-se por uma alteração genética aleatória (ou induzida em alguns casos) na sequência de nucleotídeos existentes no DNA. Devido à alteração em nível de genes, poderá ocorrer alteração no fenótipo do indivíduo. Essa alteração, por sua vez, pode aumentar ou reduzir a capacidade de adaptação do indivíduo às mudanças do ambiente. Um exemplo clássico de mutação desvantajosa (deletéria) é a alteração no gene da hemoglobina humana; indivíduos normais produzem hemoglobina normal e transportam oxigênio; indivíduos que possuem mutação neste gene produzem uma hemoglobina alterada e desenvolvem uma doença chamada anemia falciforme.

 

Bom estudo!!

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SELEÇÃO NATURAL

Publicado: 24 de fevereiro de 2016 em Sem categoria

Tema recorrente nos exames de qualificação aplicados pela UERJ em seus últimos vestibulares, a seleção natural e suas relações com a genética, abarcadas pela Teoria Sintética da Evolução, representa um tema bastante relevante de ser compreendido. Neste tópico, discutiremos os principais conceitos e os tipos de seleção natural.

Para iniciarmos nossa discussão, vamos introduzir este conceito. A seleção natural é uma importante força evolutiva, que atua sobre os indivíduos ou grupos, selecionando positivamente os caracteres mais vantajosos (adaptativos) para a sobrevivência da espécie. Para exemplificar:

“Suponhamos a existência de dois grupos de pássaros: um com bicos finos e alongados e o outro com bicos mais largos e robustos. Consideremos que esses pássaros vivam em uma ilha e que cada grupo possua um hábito alimentar específico. Então, suponhamos que a principal fonte de alimento dos pássaros com bicos finos e alongados se torne escassa, devido a uma alteração no ambiente e que o alimento dos pássaros com bicos mais largos e robustos permaneça abundante na área. O que irá ocorrer?”

De acordo com a teoria da seleção natural, os indivíduos que possuem caracteres mais vantajosos, tenderão a sobreviver. Desse modo, em nosso exemplo, os pássaros que possuem bicos mais largos e robustos, que possuem a característica mais adaptada ao ambiente em que vivem e à principal fonte de alimento disponível, tenderão a sobreviver. E o que ocorrerá com os pássaros de bicos finos e alongados? Por possuírem uma característica menos adaptada ao ambiente em que vivem, esta população tenderá a se reduzir gradualmente e poderá vir a desaparecer completamente.   Reparem que Darwin partiu do princípio de que existe diversidade de características entre os indivíduos e espécies, o que conhecemos hoje por VARIABILIDADE GENÉTICA. Ele também considera que esta diversidade de caracteres confere capacidades de adaptação distintas aos indivíduos em função do ambiente em que vivem. O que queremos dizer com isso? Dependendo do ambiente onde o indivíduo é encontrado, uma característica pode ser mais ou menos adaptativa (vantajosa). Por exemplo, um urso polar possui grande quantidade de gordura armazenada em seu tecido adiposo, o que lhe confere uma capacidade elevada de adaptação ao clima frio; mas essa mesma característica seria pouquíssimo vantajosa se ele vivesse em ambientes tropicais (clima quente).

À luz das teorias sobre hereditariedade propostas por Mendel e os avanços nos conhecimentos sobre genética, introduz-se o conceito de FENÓTIPO. Um fenótipo é uma determinada característica observada em um ser vivo. Por exemplo, podemos ter pessoas com olhos castanhos, azuis ou verdes; neste caso, temos três fenótipos distintos (castanhos, azuis ou verdes) para a cor dos olhos. Com relação à cor da pele, podemos ter vários fenótipos distintos: negros, mulatos-escuros, mulatos-médios, mulatos-claros e brancos.

A partir disso, podemos dizer que a Seleção Natural atua sobre os fenótipos apresentados pelos indivíduos ou grupos, selecionando aqueles que conferem maior adaptabilidade a eles. Considerando que, para cada característica existe uma diversidade de fenótipos, a seleção natural seleciona os fenótipos que conferem mais vantagens ao indivíduo na adaptação ao ambiente em que vive.

Sabendo disso, podemos introduzir os conceitos de três tipos de seleção natural:

  1. a) Seleção Estabilizadora: comum em ambientes estáveis, favorecem o aumento das populações dos indivíduos que apresentam fenótipos intermediários. Ex: seres humanos com alturas médias possuem mais aptidão do que indivíduos mais baixos ou mais altos.

Seleção estabilizadora

  1. b) Seleção direcional: ocorre em ambientes onde ocorrem mudanças ambientais, favorecendo apenas um fenótipo extremo. Ex: uma população de presas haja indivíduos com três cores diferentes: branca, cinza-claro e cinza-escuro. Imagine que essa população viva em um ambiente claro, coberto por gelo e neve, por exemplo. É claro que os indivíduos brancos serão beneficiados pelo ambiente, visto que estarão melhor camuflados e, portanto, protegidos dos predadores. Portanto, a forma extrema branca irá aumentar sua freqüência em detrimento da intermediária cinza-claro ou da outra extrema cinza-escuro.

Seleção direcional

  1. c) Seleção disruptiva: favorecem os indivíduos com fenótipos extremos. Ex: comunidades de pássaros que consumam somente dois tipos de alimentos, larvas de madeira e sementes grandes e duras. Neste caso, somente os pássaros com caracteres extremos (bicos mais finos ou mais largos) conseguiriam obter alimento. Os indivíduos com bicos médios (fenótipo intermediário) não conseguiriam obter alimento e seriam desfavorecidos.

Seleção disruptiva

Vale ressaltar que este assunto de Biologia Evolutiva está completamente agregado à Genética de Populações e que, portanto, a seleção natural afeta os fenótipos, devido a sua ação sobre a freqüência dos genes e respectivos genótipos. Mas isso é assunto pra outra aula! Bom estudo!

 

 

RESOLUÇÃO – PROVA DO ENEM 2014

Publicado: 21 de fevereiro de 2016 em Sem categoria

A partir de hoje começaremos a postar as resoluções das provas anteriores do ENEM. Hoje vamos estudar a prova amarela de 2014, disponibilizada no link abaixo

Clique para acessar o CAD_ENEM_2014_DIA_1_02_AMARELO.pdf

Vamos começar a trilhar o caminho para o sucesso!!!!

 

48) A resolução desta questão requer a simples análise da figura apresentada em seu enunciado. Para auxiliá-los na compreensão, analisemos cada uma das etapas representadas na figura:

– 1ª Etapa: isolamento de DNA bacteriano, ou seja, a informação genética da bactéria foi devidamente extraída e isolada, de modo que a mesmo pudesse ser utilizada posteriormente;

– 2ª etapa: clonagem do DNA. Esta etapa envolve a produção de várias cópias do DNA bacteriano isolado, por meio de técnicas de duplicação in vitro. É simples compreender esta etapa! Basta lembrar que clones possuem materiais genéticos rigorosamente idênticos!

– 3ª etapa: extração do gene de interesse e fabricação do mesmo. Repare que a técnica tem por objetivo trabalhar com um único gene de interesse. Então, por meio do uso de enzimas especiais (chamadas de enzimas de restrição), é possível quebrar o DNA em trechos específicos, de modo a obter apenas o gene de interesse;

– 4ª etapa: inserção do gene nas células do tecido da planta. O gene bacteriano, que foi isolado na etapa anterior, será inserido na célula do tecido da planta, por meio de técnicas específicas. Com isso, este gene poderá se integrar ao DNA da planta. Desse modo, a expressão desse gene pela célula da planta irá produzir a proteína responsável pela resistência a algumas pragas específicas.

Considerando todo o processo exposto acima, devemos nos perguntar: “Qual o produto final da aplicação dessa técnica?”. A resposta é simples: ao aplicar esse método, conseguiu-se produzir uma planta que contém um gene bacteriano, responsável por conferir resistência a pragas. Observe atentamente o detalhe: temos uma espécie de planta contendo um gene de outra espécie (bactéria). Essa técnica em que o gene de uma espécie é inserido no DNA de outras espécies é conhecida como TRANSGENIA. Logo, a planta produzida é transgênica e a resposta correta é a letra E.

 

51) Essa questão tem resolução bastante direta. As células de cordão umbilical, por se tratarem de células embrionárias, são indiferenciadas, ou seja, possuem baixo grau de especialização funcional. Por conta disso, tem potencial para sofrer diferenciação nos diversos tipos celulares encontrados nos tecidos e órgãos humanos. Além disso, possuem alto índice mitótico, ou seja, sofrem divisão celular com bastante freqüência. Considerando essas características, o potencial terapêutico dessas células deve-se à resposta indicada na alternativa D.

 

57) Esta questão envolve a interpretação de heredogramas e a associação com os padrões de herança genética existentes. A análise de qualquer heredograma envolve dois momentos distintos:

– Determinação se o caráter estudado é dominante ou recessivo.

– Determinação se a herança está vinculada aos autossomos (cromossomos não-sexuais) ou cromossomos sexuais (X e Y, no caso da espécie humana).

Tente sempre analisar as alternativas apresentadas e eliminar aquelas totalmente absurdas, que você tem a certeza que não podem ser a resposta certa. Para isso, avalie se há necessidade de uma análise mais detalhada. Então, vamos analisar as alternativas:

– Alternativa A: essa alternativa requer uma análise mais atenta, para que se possa determinar se a herança é realmente dominante e autossômica. Logo, não pode ser eliminada imediatamente;

– Alternativa B: essa alternativa também exige uma análise mais atenta e traz uma informação correta e relevante: quando o pai é doente, os filhos do sexo masculino não apresentam a doença. Sendo assim, temos que analisá-la com mais cuidado;

– Alternativa C: essa alternativa traz informações importantes. Ela afirma que é uma herança ligada ao cromossomo Y. Se nos recordarmos, o cromossomo Y é encontrado exclusivamente em indivíduos do sexo masculino. Logo, se a herança fosse ligada a esse cromossomo, somente os homens poderiam ser afetados. Ao analisar o heredograma, verifica-se que a maioria dos indivíduos afetados é do sexo feminino. Logo, esta alternativa está INCORRETA.

– Alternativa D: essa alternativa também requer análise mais atenta, visto que sua justificativa é facilmente constatada no heredograma; todas as filhas de homens afetados também são afetadas.

– Alternativa E: essa alternativa fala em co-dominância, um caso específico de inexistência de dominância entre genes alelos, que geralmente produz fenótipos intermediários. Contudo, a informação relevante diz respeito à justificativa. Ela fala que a herança é herdada por filhos de ambos os sexos, tanto do pai quanto da mãe. Essa é uma afirmação falsa, visto que a análise do heredograma indica que as filhas herdam a característica tanto do pai quanto da mãe, enquanto os filhos herdam a característica apenas da mãe. Sendo assim, esta alternativa está INCORRETA.

Considerando a análise acima, conseguiu-se excluir duas alternativas (C e E). Então, teremos de analisar as outras três alternativas.

  1. a) Dominante e autossômica
  2. b) Recessiva e ligada ao sexo (ligada ao cromossomo X)
  3. d) Dominante e ligada ao sexo (ligada ao cromossomo X)

Para resolver a questão, vamos escolher um dos casais e fazer a análise para os três casos descritos. Vamos convencionar que os genes A e a sejam os alelos dominante e recessivo para essa característica.

– Analisando o casal da primeira geração (homem normal e mulher afetada):

  1. a) Dominante e autossômica

Se considerarmos que a característica é dominante, uma pessoa sadia apresentaria genótipo aa, enquanto uma pessoa doente possuiria genótipo AA ou Aa. Sendo assim, façamos o cruzamento entre um homem normal e uma mulher afetada.

 

a

a

A

Aa Aa
A Aa

Aa

 

 

a

a

A

Aa

Aa

a aa

AA

Observe que, caso a mulher fosse heterozigota, haveria possibilidade de ter filhos normais e afetados. Sendo assim, a característica descrita no enunciado poderia estar relacionada a uma herança dominante e autossômica. Sendo assim, a alternativa A continua sendo possível.

 

  1. b) Recessiva e ligada ao sexo

Uma herança ligada ao sexo é aquela ligada ao cromossomo X. Vamos convencionar os símbolos XA e Xa para representar os alelos dominante e recessivo, respectivamente. Partindo do pressuposto que seja uma característica recessiva, os genótipos ficariam assim organizados:

Mulher normal

XAXA

Mulher portadora

XAXa

Mulher afetada

XaXa

Homem normal

XAY

Homem afetado

XaY

Considerando o cruzamento de um homem normal (XAY) com uma mulher afetada (XaXa), conforme mostrado abaixo:

 

XA

Y

Xa

XAXa XaY
Xa XAXa

XaY

Observe que desse cruzamento, 50% seriam mulheres portadoras e 50% seriam homens afetados. Ao analisar o heredograma, vemos que isso não é verdadeiro, visto que esse casal teve um filho e uma filha normais. Sendo assim, a alternativa B está INCORRETA.

 

  1. d) Dominante e ligada ao sexo

Vamos convencionar as siglas XA e Xa para representar os alelos dominante e recessivo, respectivamente.

Considerando que a característica é dominante, os genótipos dos indivíduos seriam os seguintes:

Mulher normal

XaXa

Mulher afetada

XAXA ou XAXa

Homem normal

XaY

Homem afetado

XAY

Sendo assim, realizando o cruzamento de um homem normal com uma mulher afetada, teríamos as seguintes possibilidades:

 

Xa

Y

XA

XAXa XAY
XA XAXa

XAY

 

 

Xa

Y

XA

XAXa XAY
Xa XaXa

XaY

Ao analisarmos as duas possibilidades, vê-se que, caso a mulher fosse heterozigota, haveria possibilidade de ter filhos e filhas afetadas e normais. Sendo assim, ainda há possibilidade de que esta alternativa esteja correta.

A análise desse primeiro casal eliminou uma das alternativas e permitiu concluirmos que a característica é dominante, visto que as alternativas restantes indicam isso. Mas como faremos para descobrir se é um caso de herança autossômica ou ligada ao sexo? A resposta é simples: vamos escolher outro casal, a fim de que possamos chegar à conclusão da resposta correta. Como o primeiro casal escolhido envolvia uma mulher afetada e um homem normal, vamos optar por um casal diferente. Neste caso, vamos optar pelo casal da segunda geração, em que o homem é afetado e a mulher normal. Vamos proceder com as análises:

  1. a) Será que a herança é autossômica? Vamos convencionar que as letras A e a representam os alelos dominante e recessivo, respectivamente. Considerando isso, um indivíduo normal possuirá genótipo aa, enquanto o indivíduo afetado poderá apresentar genótipo AA ou Aa. Sendo assim, o cruzamento de um homem afetado com uma mulher normal apresenta o seguinte resultado:
 

A

A

a

Aa Aa
a Aa

Aa

 

 

A

a

a

Aa aa
a Aa

aa

Repare que há dois cruzamentos possíveis, visto que o homem pode ser homozigoto dominante (AA) ou heterozigoto (Aa). Nesse caso, observe que, caso o homem seja heterozigoto, ele poderá ter filhos normais ou afetados, conforme o heredograma.

 

  1. b) Será que a herança é ligada ao sexo? Vamos utilizar o mesmo casal avaliado no exemplo anterior e convencionar que os alelos dominante e recessivo sejam representados pelas siglas XA e Xa. Considerando que trata-se de uma herança dominante, os genótipos dos indivíduos seriam os seguintes:

 

Mulher normal

XaXa

Mulher afetada

XAXA ou XAXa

Homem normal

XaY

Homem afetado

XAY

 

Fazendo o cruzamento de um homem afetado com uma mulher normal teremos as seguintes possibilidades:

 

XA

Y

Xa

XAXa XaY
Xa XAXa

XaY

Analisando o cruzamento, verifica-se que, desse cruzamento, todas as filhas serão afetadas pela característica e todos os filhos serão normais. Ao analisarmos o heredograma, verificamos que tal fato é constatado; todas as filhas desse casal são afetadas, enquanto os filhos são normais.

Considerando isso, vemos que a herança poderia ser dominante ou ligada ao sexo e não chegou-se a uma conclusão final. Então, como resolver esta questão? Tenha atenção com as justificativas apresentadas! A afirmativa A indica que a herança é autossômica dominante, visto que ambos os sexos são afetados; isso não é exclusividade de caracteres autossômicos. Caracteres transmitidos por meio do cromossomo X também podem afetar ambos os sexos. Sendo assim, o caráter estudado na questão é transmitido por herança ligada ao sexo e dominante, indicando que a resposta correta é a alternativa D.

Você deve estar exclamando e discutindo a complexidade da questão. Na verdade, existem alguns macetes para resolvê-las de modo mais rápido. Contudo, achei interessante mostrar que, muitas vezes, a análise de heredogramas requer trabalho e atenção às informações apresentadas e exige análise por meio de tentativa e erro. Para ver alguns dos macetes sobre o tema, visite a publicação sobre análise de heredogramas disponível no nosso site.

 

58) A resolução dessa questão requer conhecimentos sobre o processo digestivo. Sempre que se fala em digestão, sugiro que se tenha conhecimento sobre os principais órgãos onde ocorre a digestão química: boca, estômago e duodeno. O que saber nesse caso? É preciso conhecer os sucos digestivos que atuam em cada órgão, suas principais enzimas, quais nutrientes são digeridos e o pH ideal de ação dessas enzimas. A tabela abaixo resume esses itens:

Órgão Suco digestivo Enzimas Nutriente digerido pH ideal

Boca

Saliva Amilase salivar Amido 7,0

Estômago

Suco Gástrico

Pepsina

Proteínas

2,0 – 3,0

Intestino delgado

Suco entérico

Maltase

Maltose

7,0 – 9,0

Sacarase

Sacarose

Lactase

Lactose

Suco Biliar

Não possui

Emulsifica lipídios

Suco pancreático

Amilase pancreática

Amido

7,0 – 9,0

Lipase pancreática

Lipídios

Tripsina

Proteínas e peptídeos

Repare que a digestão na boca ocorre em pH neutro e digere apenas amido. A digestão no estômago, por sua vez, ocorre em pH ácido e digere apenas proteínas. Por fim, a digestão no intestino delgado ocorre em pH mais básico (alcalino) e digere proteínas, lipídios e amido.

Considerando isso, vamos analisar o enunciado da questão. A desconfiança de que seja uma protease (enzima que digere proteínas) gástrica e que a mesma atua no estômago é uma informação bastante relevante. Se considerarmos a hipótese do pesquisador como verdadeira, deveremos analisar quais as condições ideais de ação de uma enzima no estômago e qual alimento citado é rico no nutriente (proteínas) alvo da ação dessa enzima. Essa resolução é simples: as enzimas estomacais atuam bem em pH mais ácido. Sendo assim, as alternativas A, C e E podem ser descartadas, visto que o pH indicado é básico. Em seguida, basta analisarmos qual dos dois alimentos (pedaço de carne ou macarrão) é rico em proteínas. O macarrão contém grande quantidade de carboidratos, como, por exemplo, amido; as carnes, por sua vez, são alimentos ricos em proteínas. Desse modo, a alternativa correta é a letra B.

 

64) A questão apresentada discute a Teoria da Endossimbiose, que explica a estrutura específica apresentada pelas mitocôndrias e cloroplastos. Essas organelas celulares possuem algumas características peculiares: presença de duas membranas (interna e externa), presença de DNA circular com capacidade própria de replicação e produção de determinadas proteínas, entre outras. A análise da membrana interna das mitocôndrias indicou que as características dessa membrana são bastante similares a organismos procariontes. Além disso, o DNA circular é exclusividade de organismos do Reino Monera, que são procariontes. Essas duas características corroboram a teoria de que as mitocôndrias e os cloroplastos teriam se originado da incorporação de organismos procariontes ancestrais por células mais complexas. Considerando as características expostas, a resposta correta é a alternativa D.

 

67) Essa questão requer conhecimentos sobre tipos sanguíneos. Sua resolução é bastante simples, se considerarmos as seguintes informações:

– O tipo sanguíneo, de acordo com o sistema ABO, pode ser caracterizado pela presença de dois tipos de moléculas: aglutinogênios e aglutininas. Os aglutinogênios são antígenos encontrados na membrana plasmática das hemácias (glóbulos vermelhos) da pessoa e podem ser dos tipos A e B. As aglutininas, por sua vez, são anticorpos encontrados no plasma sanguíneo e podem ser dos tipos Anti-A e Anti-B.

– Cada tipo sanguíneo possui uma combinação de aglutinogênio e aglutinina específica e a análise dessa característica permite a definição do tipo sanguíneo da pessoa. A tabela abaixo apresenta os aglutinogênios e aglutininas encontradas em cada tipo sanguíneo:

Tipo sanguíneo

Aglutinogênio Aglutinina
A A

Anti-B

B

B Anti-A

AB

A e B

O

Anti-A e Anti-B

É importante ressaltar também que o encontro entre aglutinogênio e aglutinina correspondentes, como, por exemplo, aglutinogênio A e aglutinina anti-A, provoca uma reação de aglutinação de hemácias.

Com essas informações, já é possível resolver a questão. Analisemos cada lote apresentado na tabela do enunciado:

  1. a) Lote I: não ocorreu aglutinação na presença de soro anti-A, mas aconteceu aglutinação na presença de soro anti-B. Sendo assim, qual aglutinogênio está presente nesse tipo sanguíneo? Se houve aglutinação com soro anti-B, isso indica a presença do aglutinogênio correspondente, que é o aglutinogênio B. Sabendo disso, este lote possui sangue do Tipo B.
  2. b) Lote II: ocorreu aglutinação apenas na presença de soro anti-A. Isso indica somente a presença de aglutinogênio A. Logo, este lote possui sangue do Tipo A.
  3. c) Lote III: ocorreu aglutinação na presença de ambos os soros (anti-A e anti-B). Isso indica a presença dos aglutinogênios A e B, que é característica de sangue tipo AB.
  4. d) Lote IV: não ocorreu aglutinação na presença de ambos os soros (anti-A e anti-B). Isso indica a ausência de ambos os aglutinogênios no sangue. Essa característica pertence ao sangue tipo O.
  5. e) Lote V: ocorreu aglutinação somente na presença de soro anti-B. Isso indica a presença de aglutinogênio B, caracterizando o sangue do tipo B.

Sabendo que a questão pergunta quantos litros de sangue tipo A estão disponíveis nesses lotes e avaliando as informações que deduzimos acima, somente 25 litros de sangue pertencem a esse tipo sanguíneo (lote II). Logo, a alternativa correta é a letra B.

 

69) Esta questão aborda a temática das cadeias alimentares. O enunciado menciona o caso de insetos parasitoides, cuja característica é o desenvolvimento de suas larvas no interior de um hospedeiro (lagartas). Além disso, menciona-se que a larva leva o hospedeiro à morte, no momento em que se transforma em pupa.

Repare que a lagarta é um animal herbívoro, ou seja, que se alimenta essencialmente de plantas, caracterizando-se como organismos heterótrofos. Os animais que alimentam-se dos produtores (plantas) são chamados de consumidores primários. Sendo assim, uma vez que as larvas se alimentam dos tecidos da lagarta, elas poderão ser caracterizadas como consumidores secundários. Logo, a resposta correta é a alternativa B.

Contudo, duas dúvidas podem surgir nesta questão:

– A alternativa D menciona que as larvas seriam organismos heterótrofos de segunda ordem, que é um termo sinônimo de consumidores secundários. Então, por que esta alternativa está incorreta? Ela menciona que este é o nível mais energético na cadeia alimentar; tal informação é equivocada, visto que parte da energia é perdida ao longo da cadeia alimentar, de modo que os produtores (base da cadeia) sempre representarão o grupo mais energético.

– A alternativa E fala que as larvas atuariam como decompositores, visto que se alimentam dos tecidos da lagarta. Todavia, por que as larvas não são consideradas decompositores? Pelo simples fato de decompositores atuarem sobre matéria orgânica morta.

 

73) A questão trata das interações ecológicas existentes entre os seres vivos, mencionando diversas dessas interações em seu enunciado:

– Bactérias inibem crescimento de fungo causador de doenças no tomateiro, por consumirem o ferro disponível no meio;

– Bactérias fixam nitrogênio, o que auxilia no crescimento do tomateiro;

– Bactérias produzem auxinas, hormônios que estimulam o crescimento do tomateiro;

– Bactérias disponibilizam cálcio, que auxilia no crescimento do tomateiro.

Então, dentre esse rol de interações, questiona-se qual delas representa um caso de competição. Para resolver, basta lembrar que a competição é uma interação desarmônica, ou seja, que envolve prejuízo às espécies envolvidas. Analisando os casos apresentados acima, somente a alternativa C representa um caso de competição, visto que a bactéria e o fungo competem por um mesmo recurso, o ferro disponível no meio.

Competição

Exclusão competitiva

 

74) O enunciado descreve brevemente as características do bioma Cerrado, comum na região Centro-Oeste do Brasil, como lençol freático profundo, estação seca bem marcada, grande insolação e recorrência de incêndios naturais. Então, apresentam-se cinco árvores distintas avaliadas em dois parâmetros: superfície foliar e profundidade das raízes; e questiona-se qual dessas árvores seria ideal para uma ação de reflorestamento nessa região de Cerrado.

A resolução da questão é bastante simples: basta analisar as duas características marcantes do Cerrado: lençol freático profundo e clima seco. Considerando que a disponibilidade de água está em lençóis mais profundos, a árvore deverá possuir raízes de alta profundidade, de modo a conseguir obter água. Com isso, pode-se excluir as árvores 1, 3 e 4, que possuem raízes de baixa profundidade. Considerando o clima seco do Cerrado, deduz-se que as plantas deste bioma devem evitar a perda excessiva de água por meio do processo de transpiração. Sendo assim, uma adaptação comum nessas plantas é o revestimento de sua superfície foliar por um composto que impeça a perda excessiva de água, como, por exemplo, as ceras. Desse modo, a árvore 2 é a ideal para o reflorestamento nessa área. Logo, a resposta correta é a letra B.

Transpiração

 

81) A questão discute a temática de evolução, enfatizando uma polêmica existente sobre a espécie humana ser o ápice do processo evolutivo. Em se tratando desta discussão, tal afirmativa é bastante questionada, haja vista que a mesma indicaria uma estagnação de tal processo. Ao afirmar que o ser humano é o ápice do processo evolutivo, estaríamos considerando que esta espécie seria o “ponto final” na escala evolutiva.

No entanto, se partirmos do pressuposto de que a seleção natural (proposta por Darwin) está em constante ação sobre as diversas espécies de seres vivos e representa uma importante força evolutiva, devemos considerar que caracteres distintos estão constantemente sendo selecionados em função do grau de adaptabilidade ao meio, concedidos às diversas espécies e seus indivíduos. Sendo assim, ao considerar a relevância e atuação da seleção natural no meio, os cientistas consideram que os caracteres se modificam gradualmente. Logo, a resposta correta é a alternativa A.

 

84) Esta questão é de simples resolução. Ao lermos o enunciado, verificamos que os produtores rurais retiraram a ingestão de carne e derivados de sua dieta. Considerando isso, devemos nos questionar: “Qual o principal nutriente fornecido pela carne?”. A resposta é simples: as carnes são alimentos ricos em proteínas, que são biomoléculas formadas por várias moléculas menores conhecidas como aminoácidos. Tendo esse conhecimento, já podemos deduzir que haverá uma redução na quantidade de aminoácidos no organismo dos produtores rurais e, portanto, os mesmos deverão ingerir outros alimentos ricos em aminoácidos. Contudo, ao analisarmos as alternativas, veremos que dois tipos de aminoácidos são apresentados: naturais e essenciais. Como resolver a questão? Basta recordar a diferença entre estes dois tipos de aminoácidos:

– Naturais: são os aminoácidos produzidos pelo próprio organismo;

– Essenciais: aminoácidos não produzidos pelo organismo e que precisam ser obtidos a partir da dieta.

Sendo assim, a resposta correta é a alternativa D.

 

86) Esta questão fala sobre a produção de energia a partir do lixo. Como isso é possível? O lixo acumulado nos aterros sanitários sofre um processo de decomposição por bactérias anaeróbias (vivem na ausência de oxigênio). Considerando que o processo de decomposição ocorre na ausência de oxigênio, o produto final gerado é o gás metano. Sendo assim, a resposta correta é a alternativa D.

 

88) Esta questão fala sobre um grupo de substâncias conhecidas como imunobiológicos e apresenta duas situações distintas, a primeira em seres humanos e a segunda em equinos. Analisemos cada situação:

– Humanos: se analisarem a imagem com atenção, poderão observar que o Imunobiológico I é constituído por vírus ou bactérias que estão sendo aplicados no braço de uma pessoa. Então, para solucionar a questão, basta pensar: “Quais substância é formada por vírus e bactérias e é aplicada em seres humanos?”. A resposta é bastante simples: VACINAS. Estas contêm microrganismos mortos ou inertes, que induzem a produção de anticorpos pelo organismo.

– Equinos: a imagem indica a aplicação do Imunobiológico II em um cavalo, induzindo a produção do Imunobiológico III, que pode ser aplicado em seres humanos. Repare que a imagem mostra um balão, onde uma pessoa se recorda ter sido picada por uma cobra. Essa informação é básica para a resolução da questão. Deve-se questionar: “O que fazer quando uma pessoa é picada por uma cobra ou outro animal venenoso?”. A resposta é simples: aplicação de SORO (antiofídico no caso de picada de cobras). Sabendo disso, podemos deduzir que o imunobiológico III é um soro utilizado nessas circunstâncias. A partir disso, devemos nos questionar: “Qual a composição do soro?”. A resposta é simples: o soro é uma solução formada por anticorpos específicos para o combate aos componentes dos venenos. À medida que temos essa informação, devemos nos perguntar: “Considerando que os anticorpos foram produzidos no corpo do cavalo, o que induziu a produção dos mesmos pelo organismo deste ser vivo?”; a resposta é bastante simples: o Imunobiológico II injetado no cavalo, induziu a produção dos anticorpos.

Considerando as informações construídas acima, pode-se observar que os Imunobiológicos I e II induzem a produção de anticorpos. Logo, a resposta correta é a alternativa D.

Caso tenham maior interesse neste tema, em breve postaremos uma nota sobre sistema imunológico e poderão compreender mais profundamente sobre esse tema frequentemente abordado nas provas do ENEM.

 

VAMOS ESTUDAR!!!